Luta Antimanicomial
O Curso de Psicologia da UNIARARAS tem realizado desde sua implementação em 1999 eventos que visam à reflexão da Psicologia como ciência e profissão, além da utilização de seus conhecimentos em prol da sociedade. Esses eventos são destinados ao corpo discente, à comunidade acadêmica e à população em geral, constituindo-se em uma tradição do curso de Psicologia da UNIARARAS, alcançando uma projeção considerável na nossa cidade e região.
É nesse sentido que estamos realizando o XIII Evento da Luta Antimanicomial, realizado pelo Curso de Psicologia do Centro Universitário Dr. Hermínio Ometto - FHO/UNIARARAS. Neste ano, promoveremos o evento "Direito a ter direitos: Luta Antimanicomial e inserção social pelo trabalho", nos dias 25 e 26 de Maio de 2015, na perspectiva de produzirmos reflexões acerca das questões que envolvem os processos de trabalho no campo da Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial.
Partimos da perspectiva de que as relações de trabalho na atualidade têm provocado uma série de desigualdades econômicas nas distintas classes e grupos sociais, fato este que produz determinados coletivos como vulneráveis diante dos modos de exploração, alienação e produção no sistema capitalista. Desse modo, constatam-se uma gama de pessoas que atualmente não se encontram inseridas nesse sistema de produção formal de trabalho, em razão de suas condições históricas, econômicas e de classe social, fatores determinantes para o ingresso ou não desses no mundo do trabalho. Nestas condições históricas, é notório que pessoas em situação de sofrimento mental estão também incluídas neste contexto de trabalho vulnerável.
Diante dessas configurações, podemos caracterizar o trabalho como uma ação humana importante para que possamos transformar a natureza, bem como nos transformarmos nessa relação. Porém, as relações de trabalho na atualidade é notório o discurso hegemônico que se produz na sociedade capitalista onde somente aqueles que conseguem "produzir", se "desenvolver", ter "habilidades" e apresentar suas capacidades laborais de forma alienante com a finalidade do lucro são considerados os mais aptos para a sociedade, enquanto aqueles que não podem, não conseguem ou não querem compor essa mesma lógica econômica são deixados à margem e irreconhecidos no cenário social.
Nesse sentido, pretendemos com o Evento deste ano dialogar com outros os lugares possíveis que o trabalho pode ocupar em nossa sociedade, mesmo que na contramão dos discursos hegemônicos que alinham trabalho-exploração-lucro como os alicerces da sociedade capitalista. Pretendemos contribuir, assim, para os avanços da Reforma Psiquiátrica, bem como possibilitar a emergência de outras formas de trabalho nos quais novas lógicas de "produção" podem demarcar outros territórios de pertencimento social àqueles que historicamente ficaram à margem da sociedade com o estigma da loucura.