XII Simpósio Psicologia e Cidadania
O Curso de Psicologia da UNIARARAS tem realizado, eventos que visam à reflexão da Psicologia como ciência e profissão, além da utilização de seus conhecimentos em prol da sociedade. Esses eventos são destinados ao corpo discente, à comunidade acadêmica e à população em geral, constituindo-se em uma tradição do curso de Psicologia da UNIARARAS, alcançando uma projeção considerável na nossa cidade e região. Este ao, teremos como tema "Sobre o público e o privado: diálogos com a Psicologia".
O que significa hoje o domínio público? E o privado? Há relação entre eles? Quais? Nos discursos cotidianos, esses termos aparecem com grande frequência. Fala-se em Políticas Públicas de Saúde, em propriedade privada, em espaço público (denominando praças, ruas, etc.). Fala-se também em responsabilidade pública, em privatização de instituições públicas (mais do que se fala em publicização de instituições privadas, como já aconteceu no passado). O que tudo isso quer dizer? E mais, o que isso tem a ver com as possibilidades de atuação profissional do psicólogo? Tentarei esboçar alguns caminhos e questões.
Genericamente, por público entende-se a esfera do comum. Um espaço público não "tem dono", pois é um espaço livre e todos teriam o direito e de ali estar, ocupar e manter. O mesmo vale para uma ideia, um conceito, um valor. Também, por público entende-se um modo de expressão que será considerada e julgada por todos, afinal somente a expressão pública que pode conferir legitimidade à uma ideia, conceito ou valor. Desta forma, pode-se considerar como público toda ação que tende à coletividade e à pluralidade.
Por sua vez, por privado entende-se a esfera individual ou familiar da vida cotidiana, isto é, de uso, ocupação e cuidado dos membros diretamente ligados entre si por uma relação de dependência e/ou sobrevivência. Uma propriedade privada é de responsabilidade de seus donos e de ninguém mais. É ele quem vai arcar com seus custos e gozar com seus frutos. Também, por privado entende-se toda atividade de sobrevivência do indivíduo. Desta forma, pode-se considerar como privada toda atividade que tende à individualidade e à singularidade.
Mas, há de se considerar que essas esferas não existam em separado, pois muito do que são os assuntos privados podem tornar-se público e vice-versa. Há quem entenda que a própria vida humana é assim, pois em princípio o homem não sabe de onde vem quando nasce e não sabe para onde vai quando morre. Estes entendimentos são tratados, discutidos e construídos público-privadamente.
A experiência urbana pode ser um grande guia para compreendermos a complexidade da relação entre estas esferas, basta olharmos uma cidade e sua atividade viva. O que vemos se não as propriedades e atividades privadas sendo balizadas pelo caráter público de seus contornos, normas, estatutos, costumes e vice-versa.
Há quem diga que compreender a distinção e relação entre público e privado seja compreender o que e como é o homem em sua especificidade, pois, embora todos os animais lutem para sobreviver, só o homem tem a necessidade de discutir e criar modos de viver e sobreviver.
Historicamente, à profissão do psicólogo coube a crítica de privilegiar o privado em detrimento do público. Esta crítica é ainda pertinente? É possível tal distinção? Um psicólogo que atende em consultório particular está trabalhando para o privado necessariamente? E um psicólogo social, faz sempre um trabalho público? É certo um psicólogo ter benefício privado por um trabalho público? Diante destas e de muitas outras questões que tangem esta discussão, é que o evento fora pensado e organizado.